Mas Laércio nunca acordara de seus transtornos!
Ria-se como demagogo e deleitava-se em carmim... Pobre coitado, não passa de
uma mente perturbada: isso ele queria pensar, isso o justificava! § Lembrara-se em vários momentos das
suas brigas com aquele grande amigo, aquele de quem se afastou por fraqueza.
Mas tinha que ser assim... Era o que no fundo queriam seus antigos demônios; ele
tornou-se seu próprio dáimon[1]. Seus antigos
diziam: "Levante a mão pra orar, menino! É assim que deve ser". Foi
assim que se afastou de seu amigo – e de todos os outros. Por força das
contingências agarrou-se ao eu. Afastou-se do amigo... Vá desobedecer aos
anseios do ontem-amanhã! § Foi assim
que de um passo errado começou toda sua história: agonia, constipação,
melancolia e morte: tudo mentira! Isso era fruto de um não seu, de um não si,
de tudo a devir. Na verdade prendera-se em ilusões para projetar-se no tempo
como fantasma de sua imagem: mero espelho, invertendo e subvertendo. § Instaurou-se então a impaciência. Por
que impaciente? Talvez não real; máscara de sua máscara, prospectos de sua
introspecção, filho de seus medos... Foi assim Laércio por muito tempo,
crescido e criado à imagem e semelhança de um batráquio. Vivia reprimido ao
ocaso! Quando será que se deixará ao belo? \
[1] Do grego δαίμων. Significa
espírito, divindade. Na mitologia seriam entes divinos dotados de afetos
condizentes à sua essência.
constipação?
ResponderExcluirdaqui a pouco a gente vai ter que fazer uns "códigos comentados" pros posts daqui do blog hehe
fiquei viajando aqui nesse imaginando o que tu queria dizer, mas talvez o resultado esperado seja mesmo esse né? Ficar perdido que nem o Laercio
exatamente!
ResponderExcluir=)
é como a questão dos sortilégios no texto 4 e 5. Mas a idéia da constipação, aqui, é justamente simular o processo anal/intestinal... Todas as idas e vindas: o fato de liqüefazer ou solidificar: literalmente, merda. É pra isso que entra o The Trial.