- Tire suas mãos
de mim!
- Mas será possível,
não vê que eu não poderia? Sou teu melhor amigo, rapaz. Meu caminho é teu
paralelo: sou tua angústia, teu prazer. (risos). Não quer dizer que também não
seja eu teu óbice, e por ventura, teu algoz!
- Mas então, o
que eu ganho desta relação? Alento? Não vejo onde tu queres chegar, qual a tua
proposta, não sei o que tu queres...
- Meu amigo, não
quero nada que não fosse inevitável. Para dizer a verdade, se refletires, não
tenho vontade, sou teu acaso, e como não poderia deixar de ser, fruto dele,
também. Pois não enxergas essa verdade que te me carrega? O belo um dia teria
que esvanecer, porque, quando comigo, nada escapa, nem tua vida.
- já não me
interesso por nada, sabias? Não me importa isso que falaste... Sei que nada é
em absoluto.
- Mas de mim tu
não foges, sou tua angústia, meu caro Laércio... Eu sou nada!
- Não abras a
boca pra falar besteira! Não sinto nada, nunca me deixei transparecer, fui por
toda essa vida um mentiroso! Meu mérito é ter escondido de mim e do mundo o que
eu sentia... Só assim... Só assim eu fui feliz!
- Há! Isso não
importa! Tudo que falas é sem sentido; Delas tu não vais fugir! ... Deverias
era viver...
- Mas então...
Sem mais o seu
corpo caiu inerte. Entre alívio e dor: um efeito de luz, jogos infantis. Será
que ele acorda? Só dorme? Será que há necessidade de saber? Ocaso, isso é o que
é; ou acaso? Nuvens salmonadas fecharam sua retirada! Morto enfim. Morto em si.
Em si. Enfim em si. \
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