segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A burca e os direitos humanos (ou البرقع وحقوق الإنسان)


A torre de Babel (Pieter Brueghel, o velho)
O que era chamado de norma de justiça passou a ser definido como direitos humanos, mas, parafraseando Kelsen, pois me parece interessante notar que uma norma de justiça tem valor relativo, ela [a norma de justiça] é vazia de conteúdo na relação a priori, sendo constituída de sentido apenas pelo enunciado que pode ser aplicado a qualquer conteúdo. Assim, os direitos humanos, da maneira como são postos, são única e exclusivamente aquilo que alguém ou alguns, pela posição que mantém na sociedade internacional, ou melhor, nas instituições da sociedade internacional (e disso eu puxo Foucault), condiciona como verdade absoluta. E é interessante como o discurso dos direitos humanos tem um ar de naturalismo ("são os direitos que alguém tem apenas por ser humano..."), muito embora, justamente por ser humano – e me parece que Levinas é apropriado para essa discussão – a finitude do Eu é incapaz de compreender a infinitude do outro; daí não ser possível estabelecer como universal o que deveria ser compreendido dentro do rol do conteúdo definível desta norma de justiça que chamamos "direitos humanos". E mais, os direitos humanos entram como uma norma de justiça na qual se inscreve: "todos devem agir de acordo com as sub-normas de justiça elencadas pela sociedade internacional, de forma que seu agir se enquadre dentro de uma proposição universal, pois os direitos humanos são universais"...

Diante disto, pergunto a todos como fica a proibição do uso da burca na França... Onde está esse tal de universal?

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