Dei-me, dão-me vanidade. Eu dão-me vanidade; eles dei-me
vanidade. O expressionismo um dia notou, a flor da menina é a curiosidade do
Golem; e Nosferatu viu que a luz é o bem de sua poeira. Eu dei-me vanidade...
Eu, dão-me vanidade a mim. Felix disse à sua bolsa, amarela e preta, preta e
amarela: "dê-me o que preciso!" "careço vanidade", pensou o gatinho
preto... O bem da bolsa era tornar-se vazia. O pó dos móveis cobre tudo o mais,
e deixa tudo o mais perplexo diante da limpeza que chega – avassaladora, rápida
–, mas, logo a partícula retorna (e, se não for a mesma, outra). Por isso que
um quarto branco compõe melhor com o mundo, principalmente um quarto sem móveis
e, preferencialmente, sem luz (mas, sendo assim, já que não tem lume, não
poderia ser de qualquer outra cor? Não, pois um dia poderá bater o sol...),
para que possa restar a limpeza de uma aparência: vão no vão. Vanidade sem
limites, neste quartinho... Sou eu o único móvel, o único a contemplar. A vida
em contemplação: dei-me vanidade.
Um dos meus favoritos teus ! parabéns Bruno.
ResponderExcluirBem contemporânea a crítica.
Melhor morar numa câmara obscura, refrigerada...
Valeu, Caio!
ResponderExcluirMas o que foi que você entendeu (e por que)?
Eu vi aí uma crítica à frivolidade, ao acumulo de ninharia, às "teorias organizacionais" domésticas.
ResponderExcluirA neurose da necessidade de controle - limpe, tire, é prático, impraticável, hoje, agora.
"Assim funciona, d'outra forma não" Isso não se faz, não é o modus operandi.
Mas eu acho que isso pode ser interpretado em vários outros níveis também.
Eu tinha pensado em algo bem mais simples: vão é vão; e tudo é vão. Os exemplos são apenas formas de ver que melhor é que seja vão. É um texto bem triste, na verdade...
ResponderExcluirTriste para quem se entristece, ou talvez foi essa a "mens legis" mas me causou um efeito mais "Plutarquiano" na leitura.
ResponderExcluirOs exemplos e as idéias são exatamente isso, exemplos. Não necessito saber qual é o verdadeiro sentido de cada termo para tirar uma conclusão própria, e nisso, ele funciona.
É só um sentido/sentimento de vanidade (vem de vão/vã). Não tem crítica... Não foi essa a idéia. Esse não é um texto racional, mas sentimental (e racional enquanto texto).
ResponderExcluir