segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lesbos (ou a sede dogmática pelo meio-medo)


Estou em um momento dogmático. Havia muito tempo desde a última vez que me encontrei em um tal momento. É até um pouco estranho, mas tenho feito certas revisões e estudos acerca de toda uma dogmática jurídica - até porque tem-me sido necessária para um aprofundamento teórico num viés, digamos, mais tradicional. É até imperioso para a prática (e sei que muitas vezes tenho falhado neste campo). Um estudo acerca da dogmática; uma dogmatização do pensamento: uma Régua de Lesbos para o pensamento selvagem. Assim nós iniciamos nosso diálogo, como um grego antigo, descobrindo o que é eqüidade: à maneira de Aristóteles, ao pensar o amoldamento como a regra.

Não é de se espantar que na esfera do pensamento, qualquer que seja ele, formar-se-ão as religiões e as legiões de fiéis seguidores. As correntes e contra-correntes; todas elas com suas regras, "dogmas". Não é diferente com a sociologia, o direito, a economia, etc. Se assim não fosse não existiriam os diversos Keynesianos, positivistas, etc. Parece até que é uma obrigação proceder desta maneira. E, justamente por isto, as correntes se formam e a  repetição/generalização dos discursos ocorre.

Forma-se a dogmática. Como estudante de direito, e observador insaciável de meus colegas e mestres, tenho notado 3 etapas, ou melhor, para não formar uma linha dura diante das posturas presumíveis, 3 formatações distintas do modelo de estudo jurídico - aqui eu utilizo o modelo jurídico por uma questão muito simples, ele me é o mais próximo, aquele mais fácil para abordar. Assim, existem os (1) que simplesmente decoram as codificações; (2) os que auxiliam o estudo com um(s) bom(s) livro(s) de doutrina; e (3) os que além disto, criticam a doutrina, jurisprudência e legislação. É quase como dizer, um armazém, um caminhão e um gerente. 

Isso é bem o que ocorre com todas as áreas do conhecimento. Entretanto, existe uma quarta e quase extinta classe. Mas esta, ao contrário, não se exila em sua área principal - no meu caso, direito. Ela, muito pelo contrário, realiza o estudo crítico e, desta vez, interdisciplinar! Este é um grande diferencial na hora de teorizar, por exemplo. E, não se deixe sem lume, mesmo na prática é ela importantíssima. Não existe sistema sem ambiente. Enquanto que todas as outras, mesmo a terceira formatação, simplesmente reproduzem, discutem ou problematizam o mesmo e único objeto de interesse, esta última (a quarta) inova.

Inovação. Quando se assiste, por exemplo, ao filme "O Nome da Rosa", vê-se uma questão parecida com essa acima. O padre franciscano Guilherme Baskerville, adentra numa abadia para investigar curiosas mortes, todas apontando para elementos mítico-apocalípticos. Ao passo que todos, excetuando sua figura, a do seu tutelado e, claro, os invariáveis vilões, buscavam explicações bíblico-dogmáticas, as personagens centrais traziam elementos exteriores. Nesse ponto a religião não difere tanto do direito: o novo quase nunca é bem vindo. Estou em um momento dogmático? O texto responde isto, mas, ainda assim, o faço expressamente: não!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Labéu - O Folhetim 05


Não foi que de um instante toda essa vida se esgotou... Custou tempo para realizar tamanho infortúnio, e mal se sabe o quanto este fora desejado! Se por um lado as coisas pareciam em inteira ordem, não se pode dizer que elas o eram de fato. Tudo estava ao contrário, Laércio estava ao contrário... Ah, e o contrário é que era o certo, mas vejam, certo a(o) Conatus. § Mas e os sortilégios, e toda a justiça? Barbáries, eis que sim! O correto é aos olhos do expectador, ou não seria correto, mas único! Foi certo, enquanto durou... Durou pouco, entretanto. Pouco era a ordem, pouco era o fato. Na ordem do pouco o resto não importava, pois os momentos eram preciosos. As contagens, regressivas: sempre ao tempo da morte! § Não se imagina tamanha engenhosidade, tal qual o arquétipo construído por Laércio; este filho de Barnabás soube o significado da vida: o tempo! Curto tempo... E vem a morte. Sua mãe por outro lado, sempre muito preocupada em não traumatizá-lo, nada mais fez que o contrário, encheu o menino de medos e afins. Laércio, menino déspota de seus medos e com medo de seu tempo. § Breve instante de perspicácia me mandou, como a frase de um epitáfio, escrever o seu jargão inconsciente. Aqui jaz Laércio: sem medir a importância do desimportante, descobriu que sua maior debilidade foi ser apenas incerteza. O das mágoas é na verdade um insano? O insano é um palhaço, sempre machucado. O palhaço não existe sem as influências! \

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eulethería & Wikileaks

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eleuthería (he) / 'ελευθερία ('h): liberdade.

1. "Moral. a. de ação (Xenofonte, Memorabilia, I, II, 6; II, I, 11; Epicuro, Sentenças, 77; Plotino, III, III, 4). b. íntima. (Platão, Fédon, 114e; Teeteto, 175e; Epicteto, Leituras, II, I, 21-23; IV, I; Marco Aurélio, VIII, 1);
2. "Política. (Platão, Leis, III, 693c-694a; Aristóteles, Pol., VI, II, 1-2)."[1]
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Para quem não conhece o wikileaks (http://www.wikileaks.at/), é uma organização cujo fim é a publicação jornalística de documentos (de quaisquer espécie) trazendo ao público informações e notícias importantes.

Infelizmente, é triste saber que, atualmente, está ocorrendo uma forte repressão à organização - Políticos americanos chegaram a chamá-la de entidade terrorista! Por isso, venho aqui apresentar-lhes a idéia de entrar no site acima e ver se vale a pena, para cada um de vocês, aderir ao movimento contra esse (um) tolhimento da liberdade de imprensa. Se acharem que é relevante votar em favor do Wikileaks, sintam-se livres para entrar aqui: http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?rc=fb.


[1] GOBRY, Ivan. VOCABULÁRIO GREGO DA FILOSOFIA. São Paulo, Martins Fontes, 2007. p. 52.

sábado, 4 de dezembro de 2010

@Multifacetas©


Existe, hoje em dia, um movimento crescente do que poderia ser chamado "contra-cultura". Na verdade, é muito mais uma retomada da cultura do que qualquer outra coisa. Pode-se dizer que é uma maneira de evitar uma estratificação sócio-político-corporativa das idéias.

Nesse contexto hodierno, existe uma tendência paradoxal de aproximação e afastamento do platonismo, no que se refere às idéias. Acontece, na realidade, uma espécie de hipocrisia racional com respeito a fins: esses fins, meus caros, é que é o grande ponto de interrogação - ou não. Pois bem, as idéias são transcendentes e imanentes ao mesmo tempo: é o que ocorre com a regulamentação dos direitos autorais. 

parece que com este termo "direitos autorais", quando somado à noção de "estratificação sócio-político-corporativa", possibilita uma explicação do fim visado para a idéia: disponibilize-a imanente, quer dizer palpável e perfeita na medida em que se pagam as taxas de uso, mas sempre as coloquem transcendentes, na medida em que nunca serão de todo ou em parte suas, apenas há uma concessão.

Nesse momento, faço uma análise própria do que seria diferença e repetição. A diferença, seguindo o modelo Deleuzeano, é única e exclusivamente aquela em que não produz rejeição, é a diferença não excludente (que chega bastante próxima do conceito de potência). Já a repetição é apenas aquela entendida rejeitando a generalidade; nesse sentido, adotando a idéia central de uma repetição diferencial, ou seja a produção da diferença com a repetição.

Assim, parece bastante plausível imaginar uma situação em que a repetição ocorre até o último instante, mas sempre diferente. E ao mesmo tempo, uma maneira de passar com um trator sobre as rochas sedimentares dessa máquina hipócrita com respeito a fins ($$). O remix! Este é o local perfeito para a produção de reproduções. Portanto, se puderem, vez que tenho certeza, será melhor analizar in loco, dêm uma olhada em duas coisas em três sites: a idéia de um neo-domínio-público e a criação de uma free culture (cultura livre):

1. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp;
2. http://ripremix.com/; e
3. http://www.totalrecut.com/contest-videos.php.