segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

às margens de um profano: uma visão do direito



Eu sempre me impressiono com Henri Robert[1]. Parece que foi ontem que li o seu Les Grands Procès de l’histoire – quando na verdade já tem mais de um ano (mas o que é o tempo para as grandes obras?). Para ser sincero, o meu primeiro aperto de mão com esse Senhor não foi dos mais afáveis: encarei-o com a estranheza necessária ao desgosto. Pois bem, que contra-senso! Como poderia eu pensar que um advogado poderia me impressionar tanto com um saber literato? Nele não vem só o superficial toque da garra-lei.

Quando venho pegando esses infindavelmente incassáveis diários da monotonia que são os livros de doutrina (aquele momento dogmático é – e ainda bem que o é – momentâneo; encerra-se no instante do momentum) para poder me aprofundar em conceitos que nunca são mais do que obviedades silogísticas, não vejo escapatória:

-Bruno: Amigo, por favor, traz-me um banco.
-Amigo: Para quê?
-Bruno: É porque eu já tenho a corda, o prego e o martelo: vou preparar meu cadafalso.
-Amigo: Ah! Não tem problema, com prontidão! Creio seja para fugir do morto e sem cor, não?!

É na contramão de toda essa corja de autores-repetidores, “parafernálios” da cópia e da venda[2] que está o tipo de Henri Robert. Viva o jurista além da régua, do codex e do cadeado. O direito, aliás, não é religião para aceitarmos tanta languidez. Dê-se paixão a cada movimento.


[1] Advogado francês (1863-1936)
[2] Schopenhauer (O Ofício do escritor) critica ferozmente o escritor que visa o lucro.

5 comentários:

  1. devia ter uma opção : Curti
    hahaha, de qual editora tas lendo Schopenhauer?
    hmm, oq tu prefere - a análise dos limites entre blasfemia e direito , segundo monty python,
    ou teorias islandesas explicadas por humpty dumpty? :D

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  2. hauhauhauahuah
    boa, caio! fica que nem o Facebook!
    =)

    Cara, Martins Fontes (eu, particularmente, tenho uma preferência por ela e pela UnB)

    Realmente não sei... qualquer um! talvez Humpty seja mais inusitado, inclusive por conta da esquecida Islândia.

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  3. ahuahuahauhauahu

    só se for a lenha, porque deixa aquele cheirinho bom e a lembrança de uma caça às bruxas!

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