quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vorname - uma visão ameríndia de Anaximandro




Ouçam as vozes mutiladas! Chamem, clamem, berrem, urrem! Já não é sem tempo! Tragam a flor, a linda dor, o ferimento da chaga a provar! Sou povo sem rosto, danço de lá! Meu nome é ninguém - nulisseu - e sou homem, forte e destemido! Resguardo em meu peito a marca das gentes; a tradição!

À vida vim do nada e para lá devo voltar: ao ápeiron, a totalidade da justiça equilibrada da natureza! minha canoa, no rio da morte, é de palha; é feita para afundar. Meu fumo é meu amigo, ainda que não saiba fumar. Esse é meu lugar, junto à essência de tudo, ao infinito incorruptível. Devo respeitá-lo. Danço em meu assombro.

2 comentários:

  1. Cadê o seu Πολύφημος ?
    Ficou muito bom, bem pujante.
    E por alguma razão esdruxula me lembrou ainda de Durkheim
    abração

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  2. huahauhauahu, o meu Polyphemus tá dizendo: "ainda não, ainda não... Não é a hora. Ela chegará, mas se for antes do tempo, tal qual eu, filho de Poseidon, você perderá o olho. Seja nulisseu por enquanto, a hora chegará!"

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