quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Real: introdução ao desespero


Sentado na cadeira de um quarto pequeno - à sua frente um computador e ao seu lado as roupas em um varal improvisado -, B. quisera mais do que qualquer outra coisa chorar. Só isso: chorar e chorar. Lembrou-se de todas as outras vezes, entretanto, em que, no seu passado, ao ter este semelhante sentimento, prendera-o e controlara-o. Não conseguira em uma despedida e sequer em um enterro - qualquer lágrima que viera, ficara tão somente por dentro (e, ainda assim, escondida). No clube do silêncio - onde não há música e não há nada -, as suas lágrimas eram reais; mas, contidas pela força de um simulacro, sua face limpa era ainda mais.

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