segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Vermelho (necessariamente em...)

MUNCH, Edvard. Love and pain (1893-94)

[Sugere-se que a leitura seja acompanhada de "Epei" (1976) de Iannis Xenakis]

Tem certeza, pequena; em algum momento o sangue ainda abrirá as tuas mãos em cor e férreo cheiro - e, embora não sintas dor, sofrerás uma das maiores agonias... Pois esta raiva que tiveste não a tempo contiveste e o vermelho em teus nódulos são daquele corpo inerte - que a frente se te projeta. E sim, pequena, assumirás a culpa - se não com a palavra, com o silêncio e a eternidade da loucura. Tu que sempre comedida e asseada foste, não passas de um fruto podre - pelo qual vermes amarelados dão o tom de tua doença. E padeces, com certeza; isto não negam os demais: padeces irascível de tua tão grande ira. Morreu aquela doce imagem - que agora tão só simulas; és um ponto de ti mesma, mas bem não mais te reconheces. Viva e presa neste sangue que escorre de teus punhos.

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