segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A abertura do "Ser"


Alongou-se e olhou em volta; estava sozinha no quarto. Daí, como quem nunca quis outra coisa, senão tudo completamente diferente - ainda que se tudo mudasse apenas um pouco ou mesmo não se alterasse em nada continuaria tudo bem -, partiu a alongar-se novamente e olhou em volta. Surgiu, então, uma grande diferença: lembrou-se dos tempos em que tudo fora tão igual... Levantou os braços, grunhiu bem alto - lábios protuberantes - e correu, toda a balanço. Já não mais sabia a causa de sua correria, o motivo de seu grunhido e balanço... Sentou-se confusa e, alongando-se, olhou ao redor: estava tudo amplamente diferente. Dessa forma, como tudo estava igual (e ela não conseguira perceber), condiciou sua enorme mão-do-pé a pegar uma pedra enquanto com a mão-da-mão coçava seu traseiro protuberante - de fêmea. Olhou pela grade; viu uma placa (e achava que já a tinha visto antes, embora fosse difícil dizer com certeza, pois não conseguia ler ou identificar o que estava ali escrito) e prestou-lhe atenção. Neste exato momento, aproximou-se um menino, com seus bons doze anos, e leu: "Colchete, a Chimpanzé"; olhou aquele animal nos olhos e disse em voz alta: "Que animal nojento!". Colchete, por sua vez, vendo o menino, animou-se e, alongando-se, grunhiu e pulou!

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