terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aranha disciplinar


"Volte aqui meu amigo... Vamos conversar mais!", gritara Alberto para aquele grande charlatão que era Emanuel. Tudo acontecia em uma prisão - estilo o pan-óptico, com sua torre central - e os dois eram já há mais de duas semanas companheiros de cela. Ambos já estavam tão acostumados um com o outro que era impossível separá-los... Mas bem, eles estavam unidos pelo "olho central" e, ainda que quisessem se ver livres um do outro, seu pedido lhes seria negado pelo controle disciplinar: o seu amigo - quase único além de si mesmos (que já compartilhavam de um só corpo; corpo doutrinado) - [o seu amigo] "olho central". Aquele espectador faminto, que se expunha contorcido em volta, como uma aranha, ao alcance de tudo que sobre suas teias. Este, ao perceber o movimento e o tambor vocal do assassino em direção ao charlatão, rufara: "Números 1.531 e 1.532, preparem-se já para a inspeção!". Silêncio: mais um dia de disciplina.

2 comentários:

  1. Esse foi um dos seus contos que eu fiquei querendo continuação

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  2. Já tá escrita! Até agora são 5 partes... Eu só preciso resolver a ordem dos dois próximos. Cada um pega um filósofo e analisa os prisioneiros sobre uma ótica diferente!

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