sexta-feira, 24 de junho de 2011

Big Brother is watching you!


Era um São João, e já faz um ano. Foi exatamente em um desses dias do ano passado em que a memória nos permite recordar o que construimos internamente em nossa vontade. Lá os apartamentos eram dispostos em linhas e linhas em degradê e cada espaço em branco era uma rua ou pista para pedestres.

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Pois bem, as pessoas festejavam em rajadas de explosões - fortes e fracas - sua felicidade pelo feriado e a beberrice que sempre o acompanha. Não interessam mais as canjicas, as danças e o milho assado, só as bombinhas que explodirão goela adentro num sapo ou farão vários idosos destemidos sentirem-se um pouco ultrapassados ou ainda um pouco de fadiga e dores no braço esquerdo acompanhadas de náusea e suor frio.

João, o meu personagem fictício para mim mesmo, estava na sala, sentado em seu sofá, como um bom e comportado pós-moderno, aproveitando o seu surfe diário entre os canais típicos da massa controlada chamada Brasil. Do lado de fora, entre os vários pows e bangs normalíssimos a esta altura do ano, alguns sons o incomodavam mais do que outros, e incomodavam tanto mais ao seu pai.

Como a questão é de resolver se reclamar ou não e sabemos que nos lugares movimentados de hoje não existe nada do que se conheceu por bons modos, mas apenas um bastante suculento pedaço de ultraviolence meu querido droog, contemo-nos enquanto pudemos. Quando não mais possível, abriu-se a torneira, fomos aos pequenos cães que rosnavam defronte de casa e dissemos: "garotos, não soltem as bombas aqui, está muito perto da casa e está encomodando".

Claro, foi preciso repetir pelo menos mais umas três vezes - sempre com mais intensidade - até que ouviram nossa simples querela. Na verdade, cumpriram, mas não satisfeitos, pois correram a reclamar dos berros aos pais e estes eram quase que pratos de percussão: Muito barulho, nada de calma. Resolvemos, contudo, quase como seres de outrora, antes mesmo dos homens.

Pais que não são pais, são ursos, este é o futuro do país. Ursos não servem como pais, não para gente, mas para criação contínua e recomendada pela emissora do Plim-Plim de jovens loucos e controlados quer pela mídia quer pelo governo quer pelo saco. Fodam-se os países do Big Brother!

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