segunda-feira, 20 de junho de 2011

Imago


1. Entra o homem em sua casa. Estranho e mórbido o léxico, enruga-se e vai. Andava na rua quem fóra fôra, e é agora e pra sempre. Tamanho trapalhão sem força, pesado, porém, e sem modos. 

2. Entra o homem em sua casa: à cadeira no canto. Sente que senta e torna a vê-lo em manchas de luz desigual. Venha encanto, do canto ao pranto do macho que foi já não sei. Tamanha agonia de vê-lo sentado, a morte a espreita no ombro tocando.

3. Ó homem, seta e lâmina sem gume. Fura-se em vão, lamenta-se, deitou-se aqui. Entrara o homem em sua casa: morte de si desde sempre. A vida era tudo, queria-a eterna; esquecera, contudo, viera da do sêmem.

4. Bem vindo a mim, ser feito de mel. A mim frequentar, jamais deixarei - não há de quê. Entrando o homem em sua casa: homem construção do homem. Lugar de iguais; forno gélido, comida sem sabor: chama aquele que não respira.



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