quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pastoreio (Epimeteu, o advogado)


Às margens da ribanceira, lavada em prata escaldante, um grito agitava o gramado esquecido, calado pelo ouvido surdo de um velho advogado. Nem sempre este infeliz fora mouco, às vezes ele só fora cego, portanto apenas para ouvir capacitado. Mas, neste troca-troca trepidante, o lamuriante homem-das-leis rastejou em seus pés tortos por uma jornada sem fim, até alcançar, um dia, sua morte. Neste meio tempo, apenas meias verdades com suas quase mentiras e nada de grande e pujante. Pois só este ilustre ignorante poderia achar um fio qualquer de graça na ribanceira sem sons e nestes sem aqueles. Talvez não fosse o burocrata o culpado: o problema estava na relva, de fato. Mas quem sabe o que acontece no final? Mais um coitado, em mono-cores, lavado de cloro e de pano, vai para o tribunal.

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